Em 2010, ano da realização de eleições estaduais e federal, as empresas de plano de saúde destinaram cerca de R$ 12 milhões para as campanhas de 157 candidatos a cargos eletivos, 75 deles eleitos. Os dados são de um levantamento realizado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) e Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
De acordo com as informações do estudo, o financiamento de empresas de plano de saúde para as campanhas de candidatos vêm crescendo a cada eleição. De 2006 a 2010, as doações oficiais, registradas no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), cresceram 39,5%. Em relação a 2002, o aumento foi de 760,8% e o número de empresas doadoras saltou de 15 para 49. O estudo também revelou que em 2009, o setor de saúde suplementar teve um faturamento de R$ 64,2 bilhões.
O levantamento analisou 1.061 empresas de planos de saúde em atividade no Brasil, registradas na Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) em 2010, e as doações oficialmente registradas nas prestações de contas de candidatos e partidos - dados disponíveis no site do TSE.
Opinião
Mário Scheffer, pesquisador responsável pelo levantamento, afirmou em comunicado que "esse aumento do montante de doações oficiais reflete um possível interesse em se ter uma bancada no legislativo e cargos no executivo".
De acordo com ele, é interessante para os planos de saúde manter representações com o legislativo e com o executivo para assegurar normas e decisões políticas favoráveis a estas empresas. Pois, com influencia no legislativo seria possível impedir uma legislação que desfavoreça os planos como por exemplo, o aumento da cobertura de pacientes ou limite no reajuste dos preços.
No que se refere às doações para campanhas para o poder executivo, o pesquisador ressaltou que os cargos estratégicos concedidos à representantes destas empresas e a legislações estaduais que favorecem a atuação do setor. Um exemplo é a recente lei do Estado de São Paulo, que reserva até 25% de seus leitos para as empresas de planos de saúde em hospitais públicos do Sistema Único de Saúde (SUS). Além disso, diretores da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), o órgão regulador do setor, foram ex-funcionários e dirigentes de empresas de plano de saúde.
Ainda no comunicado, o pesquisador afirmou que "ainda que legítimo, este lobby não é transparente e exclui interesses públicos". "Por isso é importante monitorar as doações e os mandatos dos eleitos para que não prevaleçam interesses particulares no setor da saúde".
Em 2010, os planos de saúde contribuíram com R$ 500 mil para a campanha presidencial de José Serra (PSDB) e R$ 1 milhão para a campanha da atual presidente Dilma Rousseff (PT). O campeão de recursos recebidos de planos de saúde em 2010 foi Marco Aurélio Ubiali (PSB-SP), beneficiado com R$ 285 mil, seguido pelo ex-Ministro da Saúde e deputado federal eleito José Saraiva Felipe ( PMDB-MG), com R$ 270 mil. Neste mesmo ano, 38 deputados federais, 26 deputados estaduais, cinco senadores e cinco governadores, além da presidente da república, contaram com doações de empresas de planos de saúde para serem eleitos.
Fonte: Saúde Business WebQuer anunciar neste blog?
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