Escoliose não é problema apenas de adolescentes







Saúde pessoal: escoliose não é problema apenas de adolescentes

Durante uma viagem de família ao Grand Canyon três verões atrás, meu filho Erik, que caminhava atrás de mim comentou: "Mãe, o lado direito do seu quadril é mais alto do que o esquerdo."

"Eu sei", respondi, rapidamente desqualificando a observação.

Porém, ela voltou a me assombrar muitos meses mais tarde, quando tive duas percepções relacionadas: as pernas esquerdas das minhas calças eram todas mais compridas e eu havia encolhido alguns centímetros.

Diagnóstico: escoliose adulta, uma curvatura assimétrica da coluna vertebral que, se não cuidada, poderia vir a me deixar ainda mais baixa e torta, incapacitada por um nervo espinhal pinçado e dependendo de andador para manter o equilíbrio.

Determinada a minimizar mais encolhimento e evitar dor e lesão ao nervo, marquei consulta com um médico que, após analisar as radiografias da minha coluna disforme, afirmou que os músculos do meu lado direito, onde se encontrava a protusão da coluna, estavam mais desenvolvidos que os da esquerda. Ele prescreveu um exercício de ioga – prancha lateral – para fortalecer os músculos da esquerda e exercer tração suficiente na coluna para a protusão não aumentar ainda mais à direita. O médico sugeriu que o exercício poderia até endireitar um pouco a curvatura.

Venho fazendo esse exercício, em conjunto com dois outros sugeridos por um fisioterapeuta, todos os dias há oito meses. O fisioterapeuta também sugeriu o uso de calcanheiras no sapato esquerdo para ajudar a nivelar os quadris e ombros. Embora ainda seja muito cedo para saber se houve uma redução significativa da curva espinhal, ela certamente não piorou e, a não ser que meu espelho minta, eu pareço menos torta.

Embora se costume pensar que a escoliose seja um problema de adolescentes, que geralmente precisam de colete ou cirurgia para corrigir a curvatura, o problema é muito mais comum em adultos mais velhos. Segundo estudo de ortopedistas do Centro Médico Maimonides, no Brooklyn, com 75 voluntários saudáveis com mais de 60 anos, 68 por cento tinham deformidades na coluna que batiam com a definição de escoliose: desvio da curvatura em relação à vertical em mais de dez graus.

Estudos anteriores relataram a prevalência da escoliose em adultos mais velhos de até 32 por cento. Tais análises podem ter incluídos adultos que eram mais jovens do que os do estudo do Brooklyn, cuja média de idade era de 70,5 anos e não sentiam dor nem deficiência ligada ao problema de coluna.

Seja qual for o índice real, a prevalência de escoliose em adultos é alta e espera-se que cresça conforme a população envelhece. A causa mais comum por trás das deformidades da coluna na meia-idade ou mais tarde é a degeneração dos discos entre as vértebras e, às vezes, das vértebras em si.

Ao contrário da escoliose na juventude, que aflige mais garotas do que garotos, a escoliose adulta afeta homens e mulheres basicamente na mesma proporção. Alguns tiveram escoliose quando criança; ela havia estabilizado, mas voltou a progredir gradualmente à medida que a idade avançada cobrou seu preço sobre a coluna. Contudo, a grande maioria dos adultos com escoliose teve colunas normais durante a juventude.

O corpo desalinhado é a consequência menos séria da escoliose. Ela pode resultar em dor incapacitante nas nádegas, costas ou pernas, e neuropatia, distúrbio de sensação e função quando um nervo da coluna é comprimido entre as vértebras. A neuropatia deve ser tratada de imediato para prevenir a morte do nervo e a perda permanente da função.

Embora não existam maneiras infalíveis de prevenir todos os casos de escoliose adulta, certos problemas evitáveis aumentam as chances de ela se desenvolver. Uma é estar com sobrepeso ou obeso e a outra é fumar. Uma terceira causa é a falta de condicionamento físico, resultado em músculos fracos no tronco.

Entre outros fatores de risco estão o desgaste da osteoartrite e da osteoporose, o afinamento e enfraquecimento dos ossos que pode fazer as vértebras se quebrarem e se comprimirem de forma desigual. Quem passa por cirurgia de coluna para remoção de tecido pressionando os nervos às vezes fica com desequilíbrio na coluna. Uma lesão na coluna que deforme as vértebras também pode levar à escoliose.

Geralmente, os adultos não buscam tratamento para a escoliose até apresentarem sintomas, os mais comuns dos quais são dores na região lombar, travamento e torpor, cãibra ou dor lancinante nas pernas. Quem sofre com o problema costuma se inclinar para frente tentando aliviar a pressão sobre os nervos afetados.

Outras pessoas com escoliose podem se inclinar para frente porque perdem a curva natural na lombar. A postura compensadora, por sua vez, pode prejudicar os músculos na lombar e pernas, causando fadiga indevida e dificuldade para realizar tarefas de rotina.

Exercícios que fortalecem os músculos do tronco – do abdome, costas e pélvis – ajudam a dar suporte à coluna e podem reduzir o risco de desenvolver escoliose, além de prevenir ou minimizar os sintomas. Demonstrações de exercícios para o tronco que podem ser feitos em casa, com ou sem auxílio de bola para ginástica, são facilmente encontrados na internet.

Eu sou nadadora e minha fisioterapeuta insistiu para que eu acrescentasse o nado de costas na minha ginástica diária na água, para fortalecer o tronco e os músculos dorsais e dos ombros, impedindo de me inclinar para frente conforme envelhecer.

Logo descobri que a dor nas costas é mais desafiante do que a natação estilo livre, e ao praticá-la durante metade da minha sessão de 40 minutos na água, perdi peso e fiquei mais forte.

A maioria das pessoas que desenvolve sintomas de escoliose pode ser tratada com medicação comum e exercícios para aumentar a força e a flexibilidade. O uso de colete não é recomendado no caso da escoliose adulta porque pode enfraquecer ainda mais os músculos do tronco.

O tratamento cirúrgico é reservado para quem tem sintomas incapacitantes não aliviados por tratamentos não invasivos. A cirurgia costuma envolver fusão vertebral para aliviar a pressão nos nervos afetados. É mais arriscada em adultos do que nos adolescentes com escoliose; a taxa de complicação é mais elevada e a recuperação, lenta, segundo a Sociedade de Pesquisa da Escoliose.

Todavia, estão havendo avanços no desenvolvimento de medidas menos invasivas, como o uso de substâncias biológicas que estimulam o crescimento do osso em vértebras degeneradas.



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