O processo de formação profissional para a área de saúde é uma temática que atualmente vem ocupando significativo espaço nas publicações acadêmicas e nas rodas de discussões envolvendo docentes, acadêmicos, gestores e usuários. É observado no decorrer da história que a relação terapeuta-paciente vem sofrendo muitas modificações, e estas mudanças, com certa freqüência, estão contribuindo para uma prática desumanizada do processo terapêutico. A utilização da palavra dialogada e do toque, nas relações terapêuticas, por demasiadas vezes cedem espaço para processos meramente mecânicos desprovidos dos sentimentos próprios da espécie humana. Neste jeito de "cuidar", muitas vezes outros interesses são priorizados, em detrimento da qualidade do atendimento. Este modelo assistencial unilateral e mecanizado chegou a um patamar tal de frieza que vem proporcionando uma onda de indignação por parte de gestores, trabalhadores, usuários e estudantes do setor saúde. Movimentos em prol de mudanças na forma de assistência e na formação de profissionais da saúde estão se constituindo um importante acontecimento para a consolidação e crescimento do Sistema Único de Saúde. A necessidade de mudança de postura nas relações de trabalho e na assistência, incluindo os diversos atores, está possibilitando a criação de proposituras que se voltam para a qualidade nos atendimentos em saúde. A Política de Educação Permanente, a Política de Humanização, o VER SUS, o Aprender SUS, e os Parâmetros Curriculares, entre outros, representam ações que apontam para uma nova prática do cuidado no processo saúde-doença. A formação do profissional em saúde deve estar voltada para a promoção de atitudes que possibilitem no tecido social o desenvolvimento participativo e coletivo, favorecendo o incremento de uma cultura solidária. O trabalhador da saúde se caracteriza como aquele sujeito que tem na sua prática laborativa a possibilidade de atuar na promoção do bem-estar daqueles que dele precisa. A partir deste princípio legítimo, é urgente o desencadeamento de uma mobilização para que o mesmo se concretize de fato em um modelo universal de prestação de serviços em saúde. Nesta direção, nós, educadores e formadores em Fisioterapia, temos dado passos pequenos, mas importantes para a edificação de um profissional fisioterapeuta engajado nas proposituras de transformação, favorecendo uma assistência de qualidade em todos os níveis. Neste sentido, tem se constatado que estudantes a partir das suas entidades estão a cada momento se tornando agentes neste caminhar. Fóruns de debates, encontros e outros meios que propiciem a discussão sobre as atitudes do fisioterapeuta no sistema de saúde, devem se tornar uma prática cotidiana nos mecanismos de formação dentro e além dos limites físicos da universidade. Verificamos pelo Brasil afora várias experiências que buscam a construção de currículos integrados, de uma pedagogia problematizadora e de um processo de formação profissional a partir do mundo do trabalho. Neste cenário, os serviços da rede de saúde e os espaços comunitários vão se tornando a cada dia ambientes de vivências e práticas, ora proporcionadas por componentes curriculares, ora através de atividades de extensão universitária. Estas experiências, ainda pulverizadas, nos levam a acreditar na presença dos cuidados fisioterapêuticos com qualidade em todos os níveis de prevenção e de atenção à saúde, em conformidade com os princípios do nosso Sistema Único de Saúde.
Risomar da Silva Vieira - Fisioterapeuta e professor dos cursos de Fisioterapia do Centro Universitário de João pessoa/UNIPÊ e da Universidade Estadual da Paraíba/UEPB
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