O Ministério da Saúde informou nesta quarta-feira (13) que pretende capacitar pais de crianças com suspeita de microcefalia e 7.525 profissionais para aprender a lidar com a malformação. Segundo a pasta, crianças que podem ter microcefalia também vão passar a receber estímulos sensoriais até os 3 anos de idade, sendo atendidas nos 1.543 centros de serviço de reabilitação. As definições sobre como deve ser feito o atendimento estão compilados numa diretriz divulgada pelo governo nesta quarta.
A microcefalia é uma condição rara em que o bebê nasce com o crânio do tamanho menor do que o normal. Para crianças que nasceram com nove meses de gravidez, a doença se apresenta quando o perímetro da cabeça é menor do que 32 cm – o esperado é que bebês tenham pelo menos 33 cm.
As diretrizes do ministério sobre a estimulação precoce passa a ser adotada já a partir desta quarta. Segundo o secretário de Atenção à Saúde, Alberto Beltrame, o ideal é que as crianças passem a ser atendidas nos centros ainda no primeiro mês de idade. Nesses locais, elas vão receber acompanhamento para incitar os sentidos, por meio de brincadeiras, tratamentos e tecnologia assistiva (como bengalas ou cadeira de rodas).
"A ideia é unificar a conduta [dos centros de serviço de reabilitação] e, mais que isso, ampliar a abrangência de profissionais capazes de atuar na estimulação precoce", disse Beltrame, referindo-se a especialistas como oftalmologistas, fisioterapeutas, fonoaudiólogos. Eles serão capacitados por meio de cursos à distância.
Segundo ele, até três anos de idade é possível "mudar o curso do desenvolvimento da consolidação de uma eventual falha no desenvolvimento". Para Beltame, a forma de "colaborar" com as famílias é promover o acompanhamento das crianças. A intenção de capacitar as famílias é porque as crianças vão passar apenas uma parte do dia com os médicos e o restante do tempo com os pais.
"Uma criança que nasce com microcefalia representa um baque para a família porque não é aquele filho que a família estava esperando, não vai ter um desenvolvimento absolutamente normal. Talvez a coisa mais importante que a gente pode colaborar com as famílias e as crianças é promover o acolhimento dessas crianças no seio familiar e social", afirmou o secretário.
Serão atendidas nos centros crianças com suspeita de microcefalia e aquelas que tiveram a malformação confirmada. Se o caso for rejeitado, os pacientes deixam de frequentar as sessões de estimulação.
Custo
O Ministério da Saúde gasta R$ 650,6 milhões por ano para manter os 1.543 centros especializados em reabilitação de crianças. Desse total, existem 136 estabelecimentos – criados há três anos – que são financiados unicamente com verba pública.
Com a adoção das regras prevendo o estímulo de crianças com suspeita de microcefalia, o ministério prevê aumentar os gastos em até R$ 5 milhões. Os recursos devem ser usados para comprar material como bolas e brinquedos. Não há previsão de investimento com pessoal. "Esperamos um custeio muito pequeno", disse o secretário Beltrame.
Números
Desde o início do monitoramento de casos de microcefalia no Brasil, foram registrados 3.530 casos suspeitos da malformação, possivelmente ligados ao zika vírus. O dado foi divulgado pelo Ministério da Saúde nesta terça-feira (12).
O boletim também traz os resultados da investigação laboratorial de quatro casos de óbitos, ocorridos no Rio Grande do Norte, com malformação congênita, que tiveram relação com o zika vírus confirmados. Esses casos estavam sendo investigados pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC), que enviou os resultados ao governo brasileiro.
Número de casos por estado
Os casos suspeitos divulgados nesta terça foram registrados em 724 municípios de 21 unidades da federação. Veja os estados com mais casos:
Pernambuco - 1.236 casos (35% do total registrado no país)
Paraíba - 569
Bahia - 450
Ceará - 192
Rio Grande do Norte - 181
Sergipe - 155
Alagoas - 149
Mato Grosso - 129
Rio de Janeiro - 122
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