A necessidade da criação do curso de Fisioterapia deu-se ao fato de que nesse período além do quadro epidemiológico brasileiro agravar-se com o aparecimento de epidemias como varíola, febre amarela, malária, poliomielite, tuberculose e sífilis, bem como o aumento das doenças parasitárias e infecciosas, também houve com o surgimento das indústrias, trabalhadores acidentados e lesionados precisando ser reabilitados para voltarem ao mercado de trabalho.
Neste cenário, é possível contextualizar uma aproximação com os escritos de Freidson, quando afirma que a formação profissional é desenvolvida por meio de regras e regulamentos formais pactuados sob a forma de leis e resoluções vinculadas a instituições políticas, associações profissionais e organizações educacionais. Além disso, dentre os fatores relevantes que enaltecem a credibilidade da formação profissional, estão a legitimação das instituições educacionais, a duração do curso, as exigências pedagógicas para a aquisição do diploma e as características dos exames para obtenção do credenciamento profissional.
Quando houve a regulamentação da profissão de Fisioterapia em 1969, existiam no Brasil apenas seis cursos de graduação nesta área.
O modelo curativo de atenção à saúde desenvolvido no país na década de 1970 contribuiu para que a construção da identidade profissional da fisioterapia fosse marcada pela ação reabilitadora. Além disso, a forte influência da medicina na formação do fisioterapeuta com docentes tanto na teoria quanto na prática profissional, propiciou o desenvolvimento de um corpo de conhecimento fragmentado em áreas que, posteriormente, tornaram-se especializações da fisioterapia. As áreas de fisioterapia ortopédica e neurológica foram as que mais se destacaram neste período. Contudo, ainda na década de 1970 e com maior ascensão na década de 1980 surgiram outros campos de atuação ainda pouco explorados dentro da profissão como a fisioterapia nas áreas de pneumologia e cardiologia, com inserção em Unidades de Terapia Intensiva (UTI's).
As áreas de atuação nas décadas de 1970 e 1980 tornaram-se especialidades regulamentadas por leis e reconhecidas pelo conselho profissional da fisioterapia, com valorização científica e social dos benefícios do atendimento fisioterapêutico especializado. Deste modo, a formação profissional desenvolveu-se pautada progressivamente na consolidação das diversas especialidades, em detrimento à formação do fisioterapeuta generalista.
Ao longo de quinze anos surgiram outros dezesseis, totalizando 22 cursos em 1984. Nessa fase o crescimento da oferta de vagas foi lento, devido a um declínio na expansão do ensino superior no país, em decorrência da repressão do regime militar à educação superior e da falta de conhecimento das competências e dos benefícios da fisioterapia sobre a saúde da população.
A partir da segunda metade dos anos de 1990, ocorreu um período de forte crescimento no ensino superior brasileiro, decorrente de uma nova proposta de política educacional da época. Este crescimento repercutiu em todas as áreas, resultando em um aumento no número de escolas e vagas dos mais diversos cursos de graduação, inclusive o de fisioterapia. Além deste fator positivo, nesta época também, houve o reconhecimento e respeito atribuídos à fisioterapia e a valorização da profissão pela sociedade.
Retirado do artigo:
Simoni DE, Carvalho JB, Moreira AR, Caravaca Morera JA, Camargo Maia ARC, Boreinstein MS. [The educational training in physiotherapy in Brazil: historical fragments and current perspectives] Hist enferm Rev eletronica [Internet].
2015;6(1):10-20. Portuguese.
Simoni DE, Carvalho JB, Moreira AR, Caravaca Morera JA, Camargo Maia ARC, Boreinstein MS. [The educational training in physiotherapy in Brazil: historical fragments and current perspectives] Hist enferm Rev eletronica [Internet].
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