Jefferson, interpretado pelo ator Douglas Sampaio em Malhação, sofreu na trama um acidente que o deixou preso a uma cadeira de rodas. Agora, depois de muito esforço e ajuda da estudante de Fisioterapia Babi (Marcella Rica), o personagem está voltando a dar os primeiros passos para andar novamente. Douglas revela que interpretar o pagodeiro tem sido muito gratificante.
"Vejo muita determinação nele. Na medida em que vê resultados no seu corpo e o apoio constante da família, torna a construção dessa nova fase dele cada vez mais natural", ressalta o ator, ennvolvido com o papel. "Acho que essa virada é 'a virada' na vida do Jeffinho, porque ele está voltando a poder fazer coisas que todo jovem faz também. Praia, colégio... A autoestima dele também está voltando e ele já se sente confortável até para dar umas cantadas (risos). Voltando a ser jovem", acrescenta.
Assim como ele, Edvana Carvalho (Aparecida), sua mãe fictícia na trama, diz que se contagia pela força do rapaz e a felicidade de vê-lo se reabilitando. "Vejo isso como um verdadeiro milagre, pois não tínhamos certeza de que ele voltaria a andar. Acho que, para qualquer mãe, ver um filho jovem se recuperar de uma drama como este é como se ele tivesse nascido de novo", declara. Para ela, a falta de acessibilidade que o cadeirante teve que enfrentar dificultou ainda mais sua condição física. "Por morarem no morro, a locomoção tornava a vida ainda mais difícil. Foi bastante sofrido pra ele", destaca.
Milagre ou não, o fato é que Jefferson está voltando a andar. Mas será que casos como o dele são frequentes na vida real?
Fisioterapeuta da Associação Brasileira Beneficente de Reabilitação (ABBR), Alexandre Reis explica que casos como o dele não são comuns, mas podem acontecer. "É preciso saber que quanto maior a gravidade do impacto, maior será a gravidade da lesão, ou seja, a altura da queda determina a profundidade do trauma", explica. E completa: "No caso de Jefferson, obviamente por se tratar de história fictícia, a evolução se deu num período curto de tempo. Como parte do tratamento é necessário um aperfeiçoamento dos movimentos das pernas, que demanda tempo", diz.
Segundo o fisioterapeuta, a fase em que o personagem está requer exercícios que visam ao equilíbrio estático e dinâmico, coordenação, automatismo, postura e ortomatismo (o equílibro de ficar em pé). O principal profissional envolvido é o fisioterapeuta, porém o terapeuta ocupacional pode ter função semelhante, mas com objetivos funcionais diferenciados. "A atuação conjunta dos dois profissionais só se dá no Brasil em centro de reabilitação ou em famílias que tem condição financeira para isto", explica.
Reis afirma que, em 2010, dos 231 pacientes que foram atendidos na ABBR com lesões raquimedulares, 25% foram provenientes de quedas, o que se configura como o terceiro maior índice causador de paraplegia e tetraplegia.
"É importante sempre ressaltarmos que um paciente que tenha que ficar a vida toda numa cadeira de rodas pode levar sua vida normalmente, ser feliz, se casar... Neste caso vai se adaptar à sua nova forma de vida", conclui.
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