Acupuntura, 'choques' e novos métodos aceleram volta de Ronaldo







AS ARMAS DA FISIOTERAPIA
Alexandre Sinato/UOL Esporte
Bruno Mazziotti exibe parte do "arsenal" que permite os métodos alternativos
Corridas, musculação, treinos técnicos, físicos... Todas essas etapas na recuperação de Ronaldo já foram acompanhadas por todos. Mas o processo de reabilitação do atacante do Corinthians foi muito mais além. Métodos diversificados o ajudaram. De acupuntura a pequenos "choques", passando por ganchos e massagens, o jogador foi (e ainda é) submetido a diferentes estímulos para agilizar sua volta aos gramados. Deu certo.

Um ano depois de passar por cirurgia devido ao rompimento do tendão do joelho, ele está apto novamente a jogar futebol. "Em 2000 ele levou um ano e sete meses para voltar aos gramados. Hoje, um ano depois, o Ronaldo está pronto. Parece que a recuperação foi lenta, mas na verdade ganhamos seis meses. Isso se deve bastante à evolução conceitual da fisioterapia", compara Bruno Mazziotti, fisioterapeuta do Corinthians e que acompanha o camisa 9 desde os tempos de Real Madrid.

INSTRUMENTOS DA RECUPERAÇÃO
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Kit de eletroterapia usado com frequência em Ronaldo durante sua recuperação
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"Caneta agulha", ventosas e pistola de sucção são uma vertente da acupuntura
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Ganchos usados na "crochetagem", que dá melhor acesso a pontos com alguma lesão
Hoje, Ronaldo e o restante do elenco corintiano são submetidos a diferentes métodos de recuperação na elogiada estrutura do clube. Mazziotti é quem comanda as sessões alternativas. Foi ele também quem fez Ronaldo passar pelos mais diversos tipos de tratamento. Acupuntura, eletroterapia, osteopatia, "crochetagem", quiropraxia, pilates, RPG...

"A ideia sempre foi fazer de tudo um pouco. Onde estudei e nas passagens por Real Madrid e Milan consegui reunir componentes para trabalhar com diferentes possibilidades. Você cria alternativas para acelerar o processo, mas é tudo fisioterapia. O importante é que o tratamento se adequa ao indivíduo", explica Mazziotti.

Os métodos mais usados na recuperação de Ronaldo foram a eletroterapia e a acupuntura. No primeiro caso, a região do joelho operado era submetida a pequenas correntes elétricas diariamente. Eram 7h, 8h de tratamento. "Eu fazia isso até com o Ronaldo dormindo. Teve passagens engraçadas dele acordando e reclamando: 'já está aí de novo?'", recorda.

"Apelidei o aparelho da eletroterapia de 'fiel escudeiro'. Levava ele para todos os lugares, foi fundamental no início da recuperação do Ronaldo. Até mesmo quando ele voltou para o Brasil após a cirurgia usamos isso no avião, para evitar inchaço no joelho. São estímulos elétricos que aceleram a cicatrização do tecido. No caso, do tendão", explica o fisioterapeuta.

As agulhas também fizeram parte do tratamento, assim como ventosas que, por sucção, ajudavam na evolução da melhora. "A acupuntura foi usada ao longo de todo o processo. Tanto a tradicional como a das ventosas, em que você faz pequenos furos na região antes de usar a sucção", conta Mazziotti.

PRINCIPAIS MÉTODOS
Acupuntura: ajuda a equilibrar energeticamente o corpo do atleta, possibilitando que as células respondam com maior velocidade aos estímulos da recuperação
Eletroterapia: as correntes elétricas aceleram a cicatrização dos tecidos e a diminuição de edemas. Ajudou Ronaldo na reconstituição do tendão
Crochetagem: ganchos possibilitam melhor alcance em pontos estratégicos de regiões lesionadas ou alvo de dores.
Osteopatia: estimula o sistema linfático para reduzir a retenção de líquidos. Assim, jogador elimina as toxinas e perde peso mais fácil, reduzindo a carga sobre as pernas.
Quiropraxia: segundo Mazziotti, ajudou Ronaldo a organizar desarranjos articulares durante o processo de recuperação. São movimentos precisos feitos com as mãos na área afetada
Todos os métodos ainda são utilizados no Corinthians. Elias, Souza e Otacílio Neto, por exemplo, fazem sessões de acupuntura. Com apoio do consultor-médico Joaquim Grava, Mazziotti conseguiu romper preconceito existente no futebol. "Há sempre resistência diante do desconhecido, apesar de algumas técnicas serem milenares. O futebol é fechado para algumas coisas, mas o Corinthians deu estrutura e liberdade para isso."

Mas não são todos os jogadores que aceitam enfrentar a acupuntura, por exemplo. Alguns encaram "caneladas", carrinhos e trombadas em campo, mas fogem das pequenas agulhas. "Muitos atletas não gostam, apesar de a agulha ser bem fininha. É preciso respeitar cada um."

Na sala de fisioterapia do Ceproo, Mazziotti lida com um verdadeiro arsenal de instrumentos. São estimuladores elétricos, ganchos usados na "crochetagem", agulhas, ventosas e eletrodos. E mais novidades importadas estão a caminho do Parque São Jorge. "O Corinthians tem sido pioneiro em vários métodos. A estrutura daqui não fica devendo em nada para Real Madrid e Milan, onde esses tratamentos são mais comuns."
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